As subculturas da moda japonesa são fenômenos amplamente conhecidos na atualidade, embora ainda exista muita desinformação circulando nos mais diferentes ambientes, em especial nas redes sociais. O choque inicial causado pela estética agressiva de algumas subculturas acaba por revelar preconceitos, estereótipos e visões orientalistas sem que haja, por outro lado, uma contextualização capaz de explicar o porquê desse modo de vestir e de se portar provocar tanta estranheza. Este ensaio pretende, portanto, discutir as subculturas à luz da teoria de moda a fim de compreender de que maneira a moda em seu potencial de criar identidades e subjetividades foi apropriada pela juventude para contestar e resistir aos discursos e expectativas tradicionais. Argumenta-se que subculturas são poderosas formas de socialização de indivíduos que compartilham das mesmas inseguranças e ansiedades, acentuadas em meio à instabilidade econômica, política e social do Japão no fim da década de 1980 e início dos anos de 1990. Contudo, as subculturas não parecem escapar da lógica da moda que torna social o que antes era subversivo, apontando, assim, para a própria plasticidade e dinamismo do campo, bem como para a necessidade de constantemente atualizar as categorias de entendimento sobre a moda japonesa.
HETT, Rafael. As subculturas da moda japonesa como um ato de resistência, p. 361-385. In: AVANCINI, Atílio; HASHIMOTO CORDARO, Madalena; OKANO, Michiko (orgs.). Ecos de Catástrofes. São Paulo: GEAA, 2023 (in Portuguese).
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[...] Diariamente, as ideias de natural e artificial refazem-se, o ser humano ganha habilidades inéditas, hibridismos emergem e novos paradigmas éticos e morais entram em debate. Trata-se do Antropoceno, a era dos humanos, assim denominado pela imensa força interventora em que se transformou a humanidade. Mas o futuro não é tão brilhante como parece, com problemas emergindo na mesma velocidade dos lançamentos tecnológicos. [...] Mais especificamente, estes escritos analisaram de que modo essa forma de pensar, de ver, de sentir e de existir em um mundo interdependente se destaca na produção do designer de moda Kunihiko Morinaga, à frente da marca ANREALAGE. [...] Intentou-se mostrar de que maneira o trânsito cultural de Morinaga entre Japão e França evidencia algumas incongruências e limitações do pensamento europeu clássico bem como dá vazão a novos quadros culturais de referência que incorporam o tecno-animismo para sugerir vias para lidar com as problemáticas do Antropoceno.
HETT, Rafael. O tecno-animismo e a estética da coexistência na moda da marca japonesa ANREALAGE, 2022. 107 p. Dissertação (Mestrado em Cultura Japonesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.
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[...] Diferentemente da visão atribuída no ocidente de que a rigidez da sociedade nipônica e suas convenções são as responsáveis por fragilizar mentalmente os indivíduos a ponto de eles cometerem suicídio, parte-se do preceito de que é absolutamente necessário ampliar as categorias de entendimento na percepção de uma cultura fundada em ideais ainda mal elucidados aos que nela não estão inseridos.
SANTOS, R. F. dos, and A. SPAREMBERGER. "Da Indissociabilidade entre literatura e sociedade a partir de 'Patriotismo' (1961) de Mishima Yukio". Estudos Japoneses, v. 39, p. 93-107, 2018.
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[...] Chama atenção que o romance, apesar de ambientado em Tóquio, traz ao leitor uma miríade de concepções, mitos e personagens categóricos do imaginário pós-helênico. Esses signos coexistem com elementos clássicos e populares da cultura japonesa, como a poesia tanka e o típico peixe fugu. Surge, assim, um universo sincrético, fruto da tentativa de interpretar novos signos, reveladores não só da relação de construção do Outro, mas da própria instabilidade da cultura.
In: DOS SANTOS, Rafael Felipe; OURIQUE, João Luis Pereira. “Minotauro vs. Godzilla: sincretismos greco-nipônicos em O único final feliz para uma história de amor é um acidente, de João Paulo Cuenca“. Revista Olho d’água, v. 10, p. 79-91, 2018 (in Portuguese).
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[...] Parte-se da premissa de que a dificuldade de conter a moda na forma de leis já denotava o enorme poder desse domínio, responsável por uma revolução do pensamento e da estética japoneses facilmente constatada através de uma análise visual despretensiosa da evolução dos quimonos (e da indumentária ocidental) nas Eras Meiji, Shōwa e Taishō, subsequentes à Era Edo.
In: DOS SANTOS, Rafael Felipe; SPAREMBERGER, Alfeu. “Leis suntuárias no Japão: o papel da moda na manutenção do regime Tokugawa e da sociedade do Período Edo“. In: XXVI Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pelotas, 2017 (in Portuguese).
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[...] Este trabalho intenta, portanto, valer-se de uma convergência de áreas tão próximas, mas pouco aproximadas de fato, para tecer relações do texto literário com o meio social do qual provém, destacando o papel da moda nessa dinâmica.
In: SANTOS, Rafael Felipe dos; MACHADO, Maristela Gonçalves Sousa. “As interfaces entre moda e literatura em O Coronel Chabert de Honoré de Balzac le Colonel Chabert“. Lettres Françaises (UNESP Araraquara), v. 18, p. 247-261, 2017 (in Portuguese).